Trainspotting (1996)

“Who needs reasons when you’ve got heroin?”

Após o cult Cova Rasa de 1994, o grupinho que consiste em Ewan McGregor, Danny Boyle, o produtor Andrew MacDonald e o roteirista John Hodge, se juntaram novamente para uma adaptação do livro de Irvine Welsh do qual retrata dentro do mundo das drogas (em foco, a heroína), um grupo de amigos (por ocasião e necessidade somente) que viviam na cidade de Edimburgo, Escócia e representavam para a sociedade o papel de fracassados, entrando em grandes conflitos por conta do vício que alimentam. Danny Boyle consegue então um filme que além de sua dose de Humor Negro inteligente, conserva a neutralidade de não chegar a fazer apologia nem também julgamento moral sobre o tema, fato que levou o filme a ser meio “discriminado” na época. Conforme Boyle mesmo afirma, “não estamos aqui para julgar Renton (Mark Renton interpretado por McGregor) e seus amigos, estamos aqui apenas para assistir enquanto com um toque de humor negro suas vidas se reduzem a nada.

O longa inicia com a correria de Mark Renton (Ewan McGregor) junto com os parceiros, Spud (Ewen Bremner) e  Sick Boy (Jonny Lee Miller) num monólogo descontraído de Renton sobre as escolhas da vida. Tudo é mostrado com uma ironia, intercalando com cenas engraçadas e deprimentes dos personagens que chegam ao cúmulo do limbo, seja mergulhando num vaso sujo de um banheiro podre, como jogando um lençol cheio de “dejetos” (como diria minha mãe) nos pais da menina que se pretendeu transar na noite anterior. Sinceramente, as pessoas afirmarem que Trainspotting é um filme errado pois não faz campanha explícita contra a heroína, é uma demonstração nítida de estupidez humana. E John Hodge adaptou um roteiro muito mais intelectual para ter que explicitar certo ou errado.

Renton tenta inúmeras vezes se livrar do vício com a ajuda dos familiares e até sua própria força de vontade. Na verdade, é sempre ele que estarta a luta contra a heroína, mesmo por vezes sendo vencido por mais um “baque”. A trilha sonora bem selecionada com músicas não originais durante o longa como Sebastian Bach, Brian Eno e Iggy Pop, acentua junto com a estética dos personagens o universo do qual eles viviam, numa década das subculturas emergindo para a sociedade mesmo que ainda tratada como escória. É o que o próprio Renton afirma para seu amigo Tommy (Kevin McKidd) quando este ainda não tinha experimentado a heroína:

“We’re the lowest of the low. The scum of the fucking Earth! The most wretched, miserable, servile, pathetic trash that was ever shat into civilization.”

Considerado um dos melhores filmes britânicos dos anos 90, Trainspotting cospe sua realidade fria que orna com o cômico de deprimente com o terror da frieza e da indiferença perante os fatos, por conta de uma cabeça entorpecida focada somente no próximo baque. Um exemplo claro disso, é o contraste com o bebê que perambula pela Madre Superiora (um point aonde se conseguia mais heroína) que também se torna um dos pesadelos de Renton em suas alucinações quando este tenta novamente largar o vício. Além disso, o filme conta com atuações excelentes tanto de McGregor quanto dos demais, inclusive do intragável Begbie (Robert Carlyle) que apesar de não ser um usuário de heroína, bebe horrores e arruma briga por onde vai. São os próprios parceiros quase inseparáveis de Renton que acabam por atrapalhar ele na sua busca de “escolher a vida” (analogia ao monólogo de Renton do começo do filme).  Aliás, o enlace deste monólogo inicial sobre ter uma vida aparentemente medíocre e boba é dado com seu desfecho, numa estrutura maestral de um roteiro com começo, meio e fim. E que os fins, justificam os meios também…

Top 10 Personagens de Tim Burton

Saudações!

Quem me conhece, sabe que Tim Burton é o meu diretor número 1. Não que não houvesse melhor, evidente. Há diversos bons diretores, responsáveis por filmes inesquecíveis, e seria um tanto quanto exagerado julgar o Burton ser o melhor de todos.

Mas o que faz eu ter essa admiração, é não só a identificação que tenho com seu estilo esdrúxulo, bizarro ao mesmo tempo carismático, mas como também a linguagem visual que ele domina em praticamente todos seus trabalhos.

Apesar do fracassado roteiro de Alice (que tem uma composição visual perfeita), muitos filmes dirigidos ou produzidos por Burton, traz um personagem cativante, não só por suas esquisitices como também pela mensagem que é passado através destes.

Então aqui vai a minha lista dos 10 melhores personagens de Burton. Créditos não somente para Burton, mas para o ator-atriz que representou cada um, de uma maneira peculiar…

Então, vamos lá!

10 – Victor Van Dort – A Noiva Cadáver (2005)

“With this candle… I will set your mother on fire.”

Victor é um personagem meio banana, mas faz parte de sua característica cativante.

Me faz lembrar muito Ichabod, de Sleepy Hollow (outro banana). De qualquer forma, ele é engraçado ao mesmo tempo que é atrapalhado.

Ao contrário do que podemos imaginar, os bonecos não são feitos de massinha neste Stop Motion. São bonequinhos mesmo, muito bem feito por sinal, e eu me atrevo a dizer que apesar de elementos de um personagem deste estilo onde possui características físicas que são exageradas para dar ênfase e um ar mais cartoon (como os olhos gigantes de todos), Victor parece um Vincent crescido (Falarei de Vincent mais adiante).

Não é bem o meu personagem preferido, mas tem lá seu charme, o que explica sua colocação…

09 – Red Queen – Alice no País das Maravilhas  (2010)

“Off with their heads!”

Em minha singela opinião, nenhum personagem de Alice é tããooo cativante. E isso não é culpa dos personagens, considerando o talento contrastante de Helena e Depp (nada a declarar daquela loirinha protagonista). Eu acho que o problema tá na história…

Mas voltando ao foco, A Rainha Vermelha é um dos melhores personagens não só pelo temperamento forte que ela passa, como a própria composição visual do personagem: Praticamente um cartoon, sem ser. Figurinha exótica, cabeçuda, nanica malvada e meio fútil. Adorei ela, e se não fosse por Helena Bonham-Carter não haveria mais ninguém capaz de representar este papel. A atriz domina.

08 – Jack Skellington – O Estranho Mundo de Jack  (1993)

“And I, *Jack*, the *Pumpkin King*, grow tired of the same old thing.”

Uma pena que muitos vejam O Estranho Mundo de Jack como um filme de Burton e quando descobrem que ele é o produtor somente, fica por isso mesmo. A realidade é que Henry Selick é tão genial quanto Burton no quesito bizarrice. Se Coraline tivesse uma relação com Burton, colocaria ela aqui na lista também…

Adoro este Stop Motion porque ele tem um ar diferente dos demais atuais que assistimos. Os personagens tem um andar meio tosco, que o mais incrível é que combinam com eles e com a animação.

Jack é um personagem bem desenhado: Pernas gigantes e fininhas, terninho finesse de risca de giz, gola de morcego, cabeça de abóbora, boca rasgada, buracos pretos no lugar de olhos, enfim, tantos elementos pitorescos e no entanto, dotado de um carisma do começo ao fim.

07 – Ichabod Crane – A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999)

“I see…”

Taí o meu personagem banana preferido!

E Johnny Depp foi mestre para representar este. Os espasmos, gagueira, enfim a crise de medo e até mesmo suas expressões tentando ser convincente a respeito de sua coragem. No fim ele acaba sendo, coisa previsível, mas de qualquer forma, durante o filme, todo cenas com ele dando uma de espertão ou desmaiando por causa da aranha são algumas das partes legais… fora as engenhocas e apetrechos de exames que ele utiliza…

06 – Coringa – Batman  (1989)

“Haven’t you ever heard of the healing power of laughter?”

Foi Heath Ledger o responsável por tirar o trófeu Jóinha de melhor Coringa das mãos de  Jack Nicholson…  O ator é bom em muitíssimos filmes, e convenhamos, como Coringa também. Mas, eu devo admitir que Ledger levou a melhor. Ele conseguiu ser mais louco, mais insano, mais ruim, mórbido, sarcástico, irônico… opa! Estávamos falando de Nicholson como Coringa né?  Deixemos o Ledger para um post especial depois então =)

As risadas dementes, e expressões assustadoras, faz o Coringa sempre dar um destaque. Sem dúvida, um dos melhores vilões dos HQ´s…

Bom, não tem mais o que falar… Jack Nicholson é foda… Mas não mais como Coringa… (eu tentei).

05 – Beetlejuice – Os fantasmas se divertem (1988)

“I’m a ghost with the most, babe.”

Fato é que o BeetleJuice do desenho é mais charmoso e até menos encardido. Eu tinha medo desse Beetlejuice representado por Michael Keaton, mas até que deu certo a atuação.

Aliás, Keaton (que deve estar numa fase ruim) até deu umas indiretas diretas querendo uma continuação do filme. Eu particularmente morro de medo de continuações ou remake… Muito perigoso e em alguns casos, o resultado sai um desastre e prejudica até o que poderia ser eterno. Mas, enfim… a gente aguarda maiores detalhes né? Só acho que o ator tá meio idoso pra ser novamente o Besouro Suco…

 

04 – Vincent- Vincent (1982)

“His voice was soft and very slow,  As he quoted The Raven from Edgar Allan Poe, ‘And my soul from out that shadow that lies floating on the floor, Shall be lifted – Nevermore!'”

Trágico, apaixonante,  com referências claras de Expressionismo Alemão! Vincent consegue ser cativante em 6 minutos!

Primeiro Stop Motion de Burton, um curta de 1982 onde é narrado pelo “deus ” Vincent Price (Inventor de Edward, voz da intro de “The Number of the Beast” do Iron Maiden, sim ele mesmo!) a história de um garoto chamado Vincent Malloy que sonha ser Vincent Price.  A narração é uma espécie de poema feito pelo próprio Burton, e é como se fosse um curta auto-biográfico até… Existe uma dramatização ao mesmo tempo que é meigo nessa animação. Pura essência de Tim Burton!

 

03 – Ed Bloom – Peixe Grande (2003)

There are some fish that cannot be caught. It’s not that they are faster or stronger than other fish, they’re just touched by something extra.

Tanto o jovem Ed (Ewan McGregor) quanto o mais velho (Albert Finney) trazem para o personagem um rosto sonhador, uma mente que viaja na imaginação e por mais que seja criticado por isso, não desiste nunca. Peixe Grande é uma linda relação que envolve a imaginação em contar histórias daquelas que todo mundo diz ser “histórias de pescador” (o nome seria então uma metáfora bem bolada, certo?) e na descrença que as pessoas tem disto tudo. Ou mesmo de sonhar… é o caso do filho de Ed que passa todo o início num ceticismo e numa ausência de tolerância para o que não parece real.

As cores fortes e saturadas deste filme, principalmente na cena das flores, é uma característica que adoro ver nos filmes de Burton. Em alguns casos, elas transmitem um conceito esmagador (veja em Edward…).

Ed Bloom é um personagem que sonha do começo ao fim. Há quem diga que ele minta, contando histórias que não existem. Mas, há quem diga que ele dá esperança. Qual seria sua opinião sobre Ed Bloom?

 

 

02 – Todd – Sweeney Todd – O Barbeiro demoníaco da Rua Fleet (2007)


“♫ I will have vengeance. I will have salvation… Who, sir? You sir!No one’s in the chair. Come on, come on! Sweeney’s waiting. I want you bleeders. ♪”

 

Baseado na ópera homônima, Sweeney Todd é meu preferido de Burton. A melhor das fotografias, e isso é puro gosto pessoal, mas simplesmente amo o tom gélido do filme inteiro com aquele sangue 100% escarlate contrastando tudo! Parece uma pura neura de designer, mas na realidade esses detalhes visuais fazem todo o sentido e transmite toda a idéia.

E o personagem… Olhe para ele. Seu olhar trasmite exatamente o que se pretende e o que conta na história:  raiva, vingança, rancor. É assim o filme todo e no fim, uma ruptura: Você vê nos olhos de Sweeney angústia e amor! (OhhhH!).  Apesar de tudo, ele carrega uma essência cômica que Depp é mestre em fazer principalmente em parceria com Tim. Destaque pra cena de Todd na praia com aquele Maiô Beetlejuice… demais!

 

 

01 – Edward – Edward, mãos de tesoura (1990)


“Kevin, you wanna play scissors, paper, stone again?”

 

Quem consegue assistir este filme sem amar Edward? Ou sem sentir pena, e compaixão por uma figura tão cavernosa e doce ao mesmo tempo?

Pra mim, é uma obra prima que Burton conseguiu criar. E, vamos falar de contraste de novo…

Tudo é puro colorido, o bairro todo… e só Edward é a figura negra cheia de metais. Essa é uma analogia na verdade de tudo aquilo que foge do padrão normal que não se adequa a todas as cores e é visto como sombrio. Edward é a personificação da esquisitice humana que pode ser amada por uns, desprezada ou injustiçada por outros. E quão não é o sentimento de repulsa à injustiça em que Edward sofre. Mas eu lhes digo: Vi muita gente ser injustiçada pelo o que é… E muita gente que achou o filme bonitinho, não consegue ver que possui comportamentos similares ao de Jim com alguma figurinha estranha do passado… (seria meu trauma de nerds anti-social dos anos 80 aflorando o.O?).

Sairemos então do lado pessoal. Edward se fode no filme todo, desde o começo quando seu inventor morre antes de finalizá-lo. Mesmo na cena em que ele se revolta, ele ainda sim é cativante. Mas ainda sim, infeliz…

Batalha de Anakin VS Obi-Wan

Saudações caros!

Inaugurando aqui, mais uma seção special! São os Greatest Scenes, que como o nome já deixa bem óbvio, são aquelas cenas fodásticas que você assiste uma vez e permacene em sua memória por todo o sempre (o.O).

Sendo assim, escolhi como primeiro, uma cena que eu acho impressionante, principalmente na expressão dos personagens e dramaticidade da cena. Estou falando do terceiro episódio de Star Wars, na batalha onde Obi-Wan luta com seu próprio Padawan, Anakin Skywalker. Neste episódio, e último que foi desenvolvido, é mostrado como que Anakin foi para o lado negro da força, bem como ele se torna Darth Vader \o/.

Então, vamos lá!

Cena: Batalha de Anakin Skywalker VS Obi-Wan Kenobi.
Star Wars – Episódio III –  A Vingança dos Sith (2005)
Dir. George Lucas

Obi-Wan: You were the chosen one! It was said that you would destroy the Sith, not join them! You were to bring balance to the force, not leave it in darkness!
Anakin Skywalker: I hate you!
Obi-Wan: You were my brother, Anakin. I loved you!

Há várias razões para Star Wars ser fenomenal. Vou me limitar ao máximo em focar na cena. Não preciso falar que há spoilers no post né? E além de tudo, quem não conhece ainda toda a história? Até mesmo aqueles que não assistiram todos os filmes, sabe que Anakin vai para o lado negro, vira Darth Vader, o pai de Luke Skywalker. E se você não sabia disso… sorry…

Essa cena, pra mim é inesquecível porque ela exprime toda a dor, raiva, angústia de Anakin (Hayden Christensen), e até mesmo, raríssimos segundos de remorso. Eu disse raríssimos. Neste episódio III, Anakin era o escolhido para destruir os Sith. Todos, inclusive mestre Yoda, estavam convictos de que Anakin iria “equilibrio à Força dar” (piada interna). O mais bonito de tudo, é que mesmo todos terem se decepcionado com Anakin, você cinéfilo que já conhece a saga toda, conclui no mesmo instante ao relembrar do episódio final: “Sim, Anakin realmente deu equilibrio a Força”. Afinal, é Darth Vader que destrói o Lord Sith, salva Luke e termina com todo caos.

(Foco, Natalia! Foco!).

Bom, os primeiros minutos de luta, é aquela coisa que se vê em toda cenas de lutas de espadas (no caso, sabres de luz). Piruetas pra cá, piruetas pra lá, luta em cima de uma corda, luta em cima de uma pedra, enfim. Comum, mas necessário, e no caso de ser Star Wars: mágico.

Então você se pergunta, se é uma luta relativamente comum, o que faz dessa cena memorável?

Resposta: A expressão de dor em Obi-Wan (Ewan McGregor) e a de ódio cegante em Anakin. O diálogo final (citado acima), quando Obi-Wan leva a vantagen e mete o sabre nas canelas de Anakin ( este cai no chão indefeso, derrotado), você vê na expressão de ambos uma intensificação das palavras.  Quando Obi-Wan diz que era para Anakin dar equilibrio a força, e que era para destruir os Sith, não se juntar à eles, se percebe um sofrimento em Anakin (aquele segundo de remorso) e logo vem a repulsa e ódio quando Anakin grita um “I Hate You!” tão convincente que ele (se pudesse) destruiria Obi-Wan com a força da mente, à la Sheldon Cooper.  E quando Obi-wan diz “Você foi meu irmão, Anakin. Eu te amei” Essa é a hora que o nerds chora.  Obi-Wan não mata Anakin, e vai embora como se ele também fosse o derrotado, considerando que era seu objetivo fazer Anakin enxergar a realidade.

Falando diretamente, é a expressão e a dramaticidade do diálogo e da cena, que fez ela ser uma das melhores que já vi. A cena mais esperada para todos que até então havia visto os 5 episódios, e aguardava ansiosamente o último…no caso, terceiro (“hein?!?”).

Segue a palhinha: